O fim da picada!
Eu ainda sou a mesma. Sou aquela que percebe cada ruga nova, a dona de um choro frouxo, com diferentes caligrafias, roedora de unha e sonhadora nata. Sou a menina que sorrir ao ver um algodão doce e a que sente a maternidade bater na porta.
Sou uma poeta em longo período de seca, mas que por conta da natureza(literalmente), fui adubada por uma tempestade de lágrimas. Continuo sem saber escrever sobre coisas boas. Até hoje não sei por que a alegria não me inspira, e isso não significa que eu seja infeliz.
Me considero uma pessoa dúbia, querendo o branco sem abrir mão do preto, e continuo me sentindo mais segura no silêncio da noite do que na luz do dia. Sim! Sou ainda aquela que adora organização mesmo sem conseguir pôr essa dádiva em prática. Só funciono na pressão, com prazos curtos e bem apertados. As minhas contradições me confundem, enlouquecem todos ao meu redor e por isso tenho cadeira cativa no banco dos réus, sempre esperando o juri popular me condenar ou me absolver.
Falo mais do que faço, confesso! Amo ler livros, às vezes leio dois ou três ao mesmo tempo e sempre escolho pelo menos um para deixar que a minha imaginação decida o final da obra.
Acho que as mulheres loiras combinam com a cor amarela, as baixas ficam elegantes com roupas de comprimento longo, as gordinhas ficam sexy de estampas listradas e vá à merda Paula Magalhães e toda linhagem modista midiática.
Continuo impaciente, instável e incerta. Vejo as pessoas na rua e brinco de adivinhar como são as suas vidas. Ainda caio no sono depois de uma crise de choro, assim como tenho ataque de riso sem motivo aparente. Sou aquela que conta o aniversário não como “mais um ano de vida”, e sim como “um ano a menos”, afinal a contagem é regressiva e a tendência daqui pra frente é morrer.
Canso de mim mesma e gostaria muito de tirar férias dos meus pensamentos. Adoro ficar o domingo todo de pijama, acordar relembrando os sonhos, amo assistir filmes repetidos e as novelas do "Vale a pena ver de novo". Não abro mão das fotos impressas, acho que os álbuns do Facebook trazem mais exposição do que recordação. Volta e meia revejo minhas fotos da época em que eu só tinha “dente e joelho”.
Gosto de reler várias vezes as cartinhas de 1900 e antigamente - as que recebi e as que nunca tive coragem de entregar. Lembro, nostalgicamente, da minha professora de ciência da 5ª serie me explicando por que o céu é azul. Mesma época em que a minha mãe tentava me responder a diferença entre Motel e Hotel.
Já quis dormir por 24 horas e já tive que ficar acordada por 48. Não gosto de sorvete, mas adoro geladinho sabor ”casa de vó”. Acredito que as “mulheres frutas” tenham seus valores nutritivos, talvez seja por isso que o Brasil se tornou um grande exportador de prosti-frutas.
Percebo que o mundo cresce cada vez que coloco a mochila nas costas, levando sempre comigo meu baianês e as minhas curiosidades - “oxe, why?”.
Faço coisas e me arrependo simultaneamente, mas garanto que a sensação de arrependimento é muito melhor do que a inquietude de não arriscar. Algumas pessoas continuam confundindo minha solidariedade com um confessionário, e depois não entendem por que o meu ombro amigo vira as costas.
O que eu mais gosto do São João é o cheiro de pólvora, no Natal gosto das luzes do pisca-pisca e no Carnaval gosto de estar longe, bem longe. Já postei várias vezes que o tempo não pára, mas, depois da picada da abelha, percebi que o problema não é com o tempo, é comigo. Eu e o tempo somos como atletas de corrida em competição diária, nunca consigo saber se eu parei ou se ele correu rápido demais.
Viva a geração X, Y, Z e K (Aquela geração que trocou o “ Meu Querido Diário” pelo “Meu querido Facebook”, e lá se vai um tal de “Bom dia, meu face!, Hoje eu estou alegre/triste, assim ou assado! Amanhã será um grande dia! Comi, dormi e caguei, E mais blablablá ...” Quem sabe um dia, o Facebook seja canonizado por ser um Santo Curador de Desabafos.
Eu queria morar na África, Ásia, Europa... Sou uma viajante sofrida por desejar a onipresença divina. Continuo enraizada no Brasil por conta do amor à minha família. Por eles vivo na “Pátria Amada” que não ama quase ninguém.
Eu não me surpreenderia se aparecesse um Bolsa Matemática como mais um programa de incentivo-placebo para as famílias de baixa renda, exigindo, dessa vez, a seguinte condição: não precisa saber fazer cálculo, basta saber fazer o quadradinho de oito (risos).
Ô Terrinha louca! Aqui paga para morrer e ganha (bolsa presidiário) se matar. Assaltos aos cofres públicos, estupros de impostos, assassinato à língua portuguesa (eu, às vezes, também cometo) – E na reforma ortográfica parece que a palavra Protesto virou sinônimo de Vandalismo.
Ainda sou a mesma estudante que parou a Avenida Paralela em 2005 para protestar contra o aumento das passagens de ônibus, mas nada adiantou e então mudei de estratégia. Nas atuais manifestações há muita gente ferida e “agente” sabe que a nossa maior arma é a educação. Isso significa que temos um exército em guerra e sem munição.
Coisa esquisita é tentar entender por que a Miss Bahia tem que ser negra, caso contrário, é marmelada. Então, o que me dizem sobre o fato de eu ter sido vetada de trabalhar na Copa das Confederações porque eu não tinha o esteriótipo baiano, hein? Quer dizer: A minha mãe trabalha feito uma escrava (professora do Estado), investe nos meus estudos, e eu não posso pôr em prática os dez anos que dediquei estudando a língua estrangeira? Rá! De quem é a culpa? Deve ser da minha mãe por ter se apaixonado por um lindo homem loiro. Antes eu tivesse herdado, também, a altura e os olhos verdes do meu pai. Se isso tivesse acontecido, certamente eu teria trocado as rodas de capoeira pela passarela.
Outro dia ouvi falar que eu não deveria morar no exterior e trabalhar como babá (entre outros subempregos). “- Ô amado...”. Foi assim que iniciei um longo discurso. Justo é estudar e receber uma proposta de R$ 1.000 para trabalhar 8 horas por dia? Justo é ver “bombar” o Show das Poderosas? Justo é assistir o Jornal Bahia Meio Dia e almoçar ao som da banda Kartlove (entre outras atrações - se é que podemos usar a palavra “atração” em se tratando de algo que queremos, na verdade, repelir). Então, eis que aparece uma criatura para dizer: " – Ora! Se não está gostando, muda de canal".
Está certo! Eu me sinta melhor ao ver que a bola(cadáver) da vez não foi eu ou nenhum conhecido. Quem sabe eu não fique mais grata e até comece a acreditar que é melhor estar viva e ouvir um tal de Canário (que, infelizmente, não é o pássaro de canto afinado) do que chorar a minha morte. Me deixe viu, Varela!
E viva o Brasil! Sem Graça, sem caviar!
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